Nos últimos meses, autoridades e entidades jurídicas têm identificado uma onda crescente de falsos curadores que se passam por representantes legais de segurados do INSS. O objetivo é desviar aposentadorias, autorizar empréstimos consignados e controlar benefícios sociais. O golpe afeta, sobretudo, idosos e pessoas com deficiência, justamente os grupos mais frágeis e dependentes dessa renda.
Segundo o advogado previdenciarista João Varella, o golpe se apoia em três pilares: “Há vazamento e comércio ilegal de dados pessoais, fragilidade nos sistemas de cadastro do Meu INSS e desinformação das famílias. Esse tripé torna possível que fraudadores cadastrem procurações eletrônicas e até apresentem falsas sentenças de curatela, sem qualquer decisão judicial”, afirma.
- Acesso irregular ao Gov.br/Meu INSS usando dados pessoais vazados.
- Cadastro de procurações eletrônicas em nome do beneficiário, dando poderes irreais a terceiros.
- Apresentação de documentos falsos, como sentenças de interdição adulteradas e assinaturas forjadas.
- Realização de empréstimos e movimentações financeiras sem conhecimento do segurado ou da família.
O golpe gera perda imediata de renda, endividamento com consignados indevidos e longas batalhas judiciais para anular contratos e reaver valores. “O mais cruel é que, além do prejuízo financeiro, há a violação da autonomia do segurado, que passa a ser tratado como incapaz sem que isso tenha sido decidido pela Justiça”, explica Varella.
- Não compartilhar senhas do Gov.br/Meu INSS com terceiros.
- Acompanhar extratos de benefícios e consignados regularmente.
- Registrar boletim de ocorrência em caso de movimentação suspeita.
- Exigir autenticação em cartório para qualquer procuração.
- Consultar advogado antes de assinar documentos ou entregar poderes.
Para Varella, é preciso reforçar a proteção no ambiente digital e no controle documental: “O INSS, os bancos e os cartórios devem criar alertas automáticos quando uma procuração é cadastrada em perfis vulneráveis. Também é essencial o uso de biometria e reconhecimento facial, além de canais rápidos de bloqueio para situações suspeitas”, defende.
João Varella Neto
Advogado previdenciarista
Vice-presidente da AAPREV